Doses maiores

9 de maio de 2018

Marx, economia e comunismo despudorado

Heitor dos Prazeres
O marxismo reduz tudo à economia: arte, religião, política, direito, guerra, moralidade... Esta é mais uma crítica à qual Terry Eagleton procura responder em seu livro “Marx estava certo”.

Em “A ideologia alemã”, Marx diz que o primeiro ato histórico é a produção dos meios para satisfazer nossas necessidades materiais. Mas se isso significasse que tudo é determinado pela economia, o próprio marxismo seria impossível, afirma Eagleton.

Por outro lado, de fato:

...Marx insiste no papel central desempenhado até hoje pelo fator econômico (...) na história. Isso, porém, é uma crença que nem de longe lhe é exclusiva. Cícero defendia a tese de que a finalidade do Estado era proteger a propriedade privada (...). Um bom número de pensadores do Iluminismo via a história como uma sucessão de modos de produção, acreditando, também, que isso pudesse explicar status, estilos de vida, desigualdades e relações sociais, tanto dentro da família quanto do governo. Adam Smith encarava cada estágio de desenvolvimento social na história como gerador de suas próprias formas de direito, propriedade e governo. Jean-Jacques Rousseau afirma em seu Discurso sobre a desigualdade que a propriedade traz em seu rastro a guerra, a exploração e o conflito de classes. Insistia, ainda, que o chamado contrato social é uma fraude perpetrada pelos ricos contra os pobres a fim de proteger seus privilégios.

E segundo um grande pensador:

...sem o trabalho, ficaríamos simplesmente à toa o dia todo, cedendo aos impulsos de nossa libido de forma despudorada.

Foi Freud que disse isso e, mesmo sem saber, estava falando de algo muito parecido com a sociedade comunista defendida por Marx.

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