“Western,
educated, industrialized, rich, and democratic societies”. Em português, “Sociedades
ocidentais, escolarizadas, industrializadas, ricas e democráticas”. Em inglês, as
palavras formam o acrônimo “Weird”, cuja tradução é “esquisito”, “estranho”.
Esse conceito
costuma ser utilizado por estudiosos de vários ramos científicos devido a distorções
que causa em muitas amostragens e levantamentos científicos. Brancos,
escolarizados, ricos e “cidadãos” representam quanto da população mundial?
Certamente uma minoria bem pequena.
No entanto,
é este público que muitos experimentos científicos tratam como representantes
da humanidade. E não só nas ciências humanas. Já houve casos de medicamentos
testados e aprovados para esse perfil populacional apresentarem graves efeitos
colaterais em pessoas latinas, negras, asiáticas etc.
Mas na
política e na luta de classes, muitos de nós, e por muito tempo, também adotamos
essa partícula da raça humana como universal. Tratamos largos extratos
demográficos como “minorias”. Políticas que consideramos universais, na
verdade, desprezam dimensões fundamentais da vida e, principalmente, do
sofrimento humanos.
Exemplo óbvio
é o desprezo pelas questões femininas, raciais, homoafetivas em nome de um
combate que considera “soldados preparados para a luta” apenas os operários, homens,
heterossexuais e que permanecem alheios à discriminação racial que sofrem.
É verdade que
o problema oposto também ocorre. Lutas setoriais abandonam completamente o combate
ao caráter totalizante do domínio de classe. Mas nunca foi fácil lidar de forma
dialética com as relações entre o particular e o geral. E, no entanto, é
fundamental partir dessa compreensão para atuar na luta de classes.
Do contrário,
continuaremos sendo derrotados por esquisitos e esquisitões da direita. E não apenas
por aquele que, hoje, é o maior deles entre nós.
Nesse sentido, acho que o capitalismo apresenta um projeto de docilização tanto da esquerda operária, quanto da identitária. Ainda não entendemos isso. De um lado, uma esquerda que reivindica a tradição operária, mas se esquecer de formular e intervir na luta de classes, nas categorias mais exploradas pelo Capital, uma esquerda operária voltada para a disputa de aparatos burocráticos e resumidos à lutas corporativas e econômicas, sem uma projeto revolucionário como horizonte. De outro lado, também sem um projeto revolucionário como horizonte, movimentos identitários cada vez mais divididos em suas demandas específicas, sem um ponto em comum, disputando o Estado burguês e seus tentáculos em nossa vida cotidiana. Bom exemplo disso foi o casamento da família real inglesa... Enfim. Tenho pleno acordo com suas palavras, mas ando desanimado e incrédulo. Parece mesmo que fomos derrotados, pq não conseguimos pensar fora dos parâmetros democráticos burguesas. Nem as massas e nem a auto intitulada vanguarda...
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