Em seu livro “Marx Estava Certo”, Terry Eagleton procura refutar
as “dez das críticas mais frequentes a Marx”. E uma delas é a de que “o
socialismo nos tornaria, todos, iguais”.
É
verdade que, para Marx, “a igualdade abstrata” era um avanço bem-vindo com
relação às hierarquias do feudalismo, diz Eagleton. Mas ele achava que essa pretensão
igualitária não tinham chance de tornar-se concreta para todos enquanto o
capitalismo ainda existisse.
Segundo
Eagleton, Marx achava que “igualdade genuína não significa tratar todos do mesmo
jeito, mas atender às necessidades diferentes de cada um de forma igual”.
O
autor também diz que Marx era contra um tipo de comunismo que envolve um
nivelamento social geral e o denuncia nos “Manuscritos econômicos e filosóficos”
como “uma negação abstrata de todo o mundo da cultura e da civilização”. Ele:
...encarava a igualdade como um valor burguês. Via
nela o reflexo na esfera política do que chamava valor de troca, em que uma
commodity tem o valor nivelado com o de outra. Uma commodity, comentou certa
vez, é a “igualdade concretizada”.
É
esta a igualdade que prevalece numa sociedade que despreza a “individualidade
das coisas e das pessoas”, diz Eagleton. Foi o capitalismo, e não o socialismo,
que padronizou os indivíduos.
Eagleton
não aborda a manutenção e radicalização dessa padronização pelo “socialismo” stalinista.
Mas é possível dizer que trata-se daquele “comunismo nivelador” condenado por Marx.
Uma das piores consequências do covarde cerco imposto pelo imperialismo à
Revolução Bolchevique.
O
resultado foi uma caricatura que, mais do que exagerar a igualdade burguesa, nos
revela ainda mais razões para combatê-la.
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