O que haveria de comum
entre Lênin e Gandhi? É isso que discute um dos capítulos do livro “A Não Violência
– Uma história fora do mito”, de Domenico Losurdo.
Segundo o autor, tal como
ocorre no caso de Gandhi, “a disponibilidade ao sacrifício e o desafio à morte
desempenham um papel importante também no partido de Lênin”.
Mas nesse último, a
disponibilidade ao sacrifício, “é estimulada pela convicção de agir em
consonância com a corrente irresistível da história”. Já no partido de Gandhi, opera
“a convicção de contar com a ajuda divina”.
Além disso, no
sacrifício da própria vida exigida ao militante do partido bolchevique “não há
a convicção de que a morte terrena é só uma passagem e falta o culto do
martírio e do seu valor de salvação”.
Diferente do líder
indiano, Lênin era contra a participação na Primeira Guerra. Segundo ele, os trabalhadores
e povos em geral seriam utilizados como carne de canhão pelos imperialistas no
conflito.
Por outro lado, os
bolcheviques queriam transformar a guerra imperialista em conflito civil entre
os trabalhadores e seus patrões. Foi sob essa orientação que
os soldados russos voltaram suas armas contra os próprios comandantes e
derrubaram a burguesia.
Mas para alcançar tal objetivo milhares de militantes bolcheviques
se alistaram para ir às trincheiras fazer propaganda do socialismo. De novo, o
engajamento quase suicida desempenhou papel fundamental.
Nada disso justifica a criação de “esquadrões suicidas” como resposta
à violência estatal e fascista. Trata-se de organizar a autodefesa. Mas o nível
de barbárie imposto pelas classes dominantes, muito frequentemente, transforma
a mais simples resistência em martírio.
"Mas o nível de barbárie imposto pelas classes dominantes, muito frequentemente, transforma a mais simples resistência em martírio"
ResponderExcluirExato, Sérgio.
Quem já esteve nas ruas se manifestando "pacificamente" no Brasil sabe que isso é a mais dura e triste realidade.
Abraço
Bruno