Doses maiores

23 de abril de 2019

Futilidades da adolescência no comando

Um dos problemas mais discutidos nas ciências biológicas é o surgimento da vida. As condições necessárias para que isso aconteça são muito raras.

A transição do mundo inorgânico ao orgânico depende de uma combinação muito improvável de diversos fatores. Mas a transição da vida simples à mais complexa também é um grande problema.

“Mais de 2 bilhões de anos se passaram desde o primeiro procariota até o surgimento da primeira forma de vida morfologicamente complexa, chamada de eucariota”, diz Henrique Gomes, em sua coluna na Folha, publicada em 10/04/2019. E sem os eucariotas, não estaríamos aqui.

O colunista alerta, no entanto, para mais uma passagem importante. A da vida inteligente que se torna capaz de se comportar como espécie que governa a si mesma, sem colocar em risco a existência da grande maioria de seus próprios membros.

Para Gomes não é o que vem acontecendo:

Hoje, a tecnologia militar continua avançando. Mas Trump, Putin, Bolsonaro, Brexit e a revigoração de sentimentos e movimentos nacionalistas ao redor do mundo não aponta para maior coesão internacional. Ao contrário: um governo global parece cada dia mais improvável.

Essa disparidade entre evolução social e tecnológica aumenta a chance de que uma pequena nação (um estado? Uma cidade? Uma célula terrorista?) desenvolva e utilize armas devastadoras —um vírus apocalíptico, por exemplo— impedindo o desenvolvimento da espécie humana como um todo. Neste caso, a humanidade nunca atingiria seu potencial; ficaria presa nas futilidades da adolescência.

Futilidades da adolescência não são um mal em si. O problema é quando elas não só não terminam como governam nações importantes com o dedo no gatilho.

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