Doses maiores

16 de abril de 2019

Quando de um buraco negro sai alguma luz

Cosmologia é o “ramo da astronomia que estuda a estrutura e a evolução do universo em seu todo, preocupando-se tanto com a origem quanto com a evolução dele”, dizem os dicionários.

Uma notícia correu o mundo recentemente: “Equipe internacional divulga primeiras imagens já feitas de um buraco negro”. É um momento histórico para a cosmologia, dizem os especialistas.

Entre outros motivos, porque também confirma previsões feitas mais de um século atrás por Albert Einstein.

Mas a primeira parte do título da notícia também deveria receber alguma atenção. A imagem foi obtida graças a oito conjuntos de observatórios espalhados pelo mundo, incluindo Europa, Estados Unidos, Chile e Polo Sul.

E contou com equipes internacionais ainda mais numerosas para processar o enorme volume de dados. É por isso que o anúncio do sucesso da missão foi feito em entrevistas coletivas simultâneas em Washington, Bruxelas, Santiago, Xangai, Taipé e Tóquio.

Todo este esforço internacional pode ser uma demonstração de que ainda temos alguma chance de nos comportar como espécie única, em meio a nossa rica diversidade e tantas contradições.

Mas não é a suposta neutralidade da ciência que leva a tais proezas. Trata-se de investimentos em termos de esforços humanos. E a conjugação destes últimos diz respeito mais ao que se conhece sobre relações sociais e políticas do que sobre equações matemáticas.

Quanto mais coletivas e solidárias, mais as iniciativas humanas podem levar a conquistas importantes para a humanidade como um todo. Não à toa, Einstein era socialista.

Do buraco negro nem a luz escapa. De acontecimentos como esse, alguma luz faísca.

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