Em sua coluna publicada
no Globo, em 29/02/2019, Pedro Doria discute a Esfera Pública na era digital. Ele
começa lembrando como o impacto da criação da imprensa no século 16 teria
levado a uma repentina explosão de acesso à informação.
E quanto mais informação
circula, diz o colunista, maior a consciência do quão pouco se sabia antes. Mais
se questionam as instituições estabelecidas e menos se acredita “nas fontes
tradicionais”. Histórias estapafúrdias se popularizaram. Viralizaram, diríamos hoje.
Naquela época, os relatos “fake” envolviam “sereias e monstros marinhos”, por
exemplo.
“Esfera Pública é aquela
parcela da sociedade que participa do debate a respeito das coisas de interesse
comum a todos”, define Doria. Após o Iluminismo, a “implantação das democracias”
levou à Esfera Pública “uma série de critérios para orientar os debates”,
afirma. Entre eles, a ideia de que “fatos científicos não seriam questionados”.
Ou de que opções religiosas não poderiam “se intrometer como critério no debate
público”.
Mas estes valores jamais
foram unânimes na sociedade. ”E pessoas que antes não participavam da Esfera
Pública (...) agora participam graças às novas tecnologias. Isso quer dizer que
democracias precisarão sobreviver a ambientes nos quais o consenso possível é muito
menor”, conclui o colunista.
Sem dúvida, uma leitura
muito interessante sobre o que vem acontecendo. Mas esse levantamento histórico
precisaria considerar outras fases. Principalmente, aquela da criação dos grandes
monopólios da comunicação.
Foi essa fase que tornou
possível o surgimento dos poderosíssimos controladores digitais de informações contemporâneos.
Novíssimas ou nem tanto, Facebook ou Globo, são corporações como estas as maiores
responsáveis pelo clima tóxico do debate público atual.
Leia também: Os antigos e os novíssimos monopólios da verdade
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