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28 de janeiro de 2020

Teorizar sobre o fascismo para derrotá-lo

Em seu livro “Fascism: Theory and Practice” (1999), o marxista inglês Dave Renton critica a historiografia oficial sobre o fascismo por entendê-lo como fenômeno limitado a determinada época e restrito ao âmbito das ideias.

Uma teoria alternativa, afirma Renton, deve explicar as ideias e práticas fascistas, mas também combatê-las. Afinal, trata-se de um fenômeno histórico que continua presente, ainda que possa se manifestar de formas diferentes.

Nesse sentido, o marxismo contaria com as ferramentas teóricas necessárias para dar conta dessa tarefa. Segundo Renton:


As teorias marxistas do fascismo começam por interpretar as sociedades capitalistas nas quais ele se originou, e continua a explicá-lo tendo como referência as contradições internas ao capitalismo como um sistema global de dominação de classe.
A ênfase na análise das condições econômicas de uma determinada formação social é uma importante característica do método marxista. Mas não se trata de reduzir tudo ao nível puramente material. Nas palavras do autor:
As relações econômicas não determinam a consciência. Elas a condicionam, mas também são afetadas pela consciência. Assim, qualquer definição marxista de fascismo como ideologia deve incluir as possíveis contradições entre a economia capitalista e as posições políticas assumidas pelos indivíduos que vivem sob esse sistema.
Assim, enquanto “os expoentes dos estudos sobre fascismo” contentam-se “em listar as formas típicas do fascismo”, diz Renton, as definições marxistas “têm-se desenvolvido em resposta a seu surgimento a partir de uma análise sobre como o fascismo realmente age”.

Trata-se do que o fascismo fez e continua a fazer. E, principalmente, do que nós devemos fazer para derrotá-lo. É teoria, mas teoria de combate.

Continua...

Leia também: Fascismo: entender para combater

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