Segundo os especialistas, o maior
responsável pelo buraco é a indústria. Em sete anos, o saldo do setor caiu dos US$
5,2 bilhões positivos para US$ 94,9 bilhões negativos. Trata-se exatamente do
setor que recebeu vários incentivos do governo na forma de isenções fiscais.
Perdido entre as matérias e artigos que
trataram dessa questão, há um dado revelador. Ele aparece na matéria “Belluzzo:
‘Brasil tem uma indústria atrasada, com déficit de competitividade’”, de Gabriela
Valente, publicada no Globo em 5/05. Trata-se do elevado lucro médio dos
empresários brasileiros:
Um índice produzido na universidade americana Princeton
indica que o lucro no Brasil é alto. O indicador compara o custo da mão de obra
de vários trabalhadores do McDonald’s no mundo. Aqui, um funcionário da empresa
compra meio Big Mac com o que ganha em uma hora de trabalho. O japonês que faz
o mesmo serviço para produzir o mesmo produto pode comer três hambúrgueres com
o que recebe por hora de trabalho.
Comentando a informação, André Perfeito, um
economista do mercado, admite:
Apesar de o custo da mão de obra ter crescido no
Brasil, ele ainda é baixo. Mas os preços não são, e isso indica que o lucro é
maior que nos outros países.
O dado mostra aquilo de que já
suspeitávamos. Se existe o tal “Custo Brasil”, sua fonte principal são os grandes
empresários, não os trabalhadores explorados por eles.
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