É preciso lembrar que as religiões surgiram há apenas
oito mil anos. Já a espiritualidade é tão antiga quanto o ser humano, mais de
200 mil anos.
Em tempos de tantas intolerâncias
religiosas é uma afirmação que faz pensar.
Por espiritualidade, os melhores
materialistas poderiam entender a infinita capacidade humana de transformar
tudo o que o rodeia. De iniciar no imaginário aquilo que resultará em coisas
reais. Mas, ao produzir essas coisas, transforma também o próprio processo de
feitura. De tal modo que o resultado final não é nem o projetado nem o que
vinha sendo executado. É outra coisa.
Mesmo assim, o produtor se reconhece nela
porque é algo que nasceu de sua prática concreta. E surge carregada com os
significados acumulados durante todo o processo. Estamos falando tanto de um
utensílio doméstico, quanto de um poema, uma ideia filosófica, uma descoberta
mística...
Digamos que esta definição de
espiritualidade agrade a alguns crentes e muitos ateus. E que a afirmação de
Frei Betto levante a seguinte questão: por que em mais de 190 mil anos de
existência, nossa espécie não precisou engessar sua espiritualidade na forma de
religiões?
Talvez pelo fato de que a experiência
religiosa é apenas uma de nossas muitas possibilidades. A espiritualidade humana não cabe nos limites impostos
por verdades eternas, imutáveis e infalíveis. Ainda mais quando elas servem à dominação
e à exploração.
Leia também: Abaixo
a tolerância. Viva a indiferença
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