O autor cita Antônio Jorge Soares e sua
“História e a invenção de tradições no futebol brasileiro”:
Quando começaram a jogar o futebol por aqui, os negros
não podiam derrubar, empurrar, ou mesmo esbarrar nos adversários brancos, sob
pena de severa punição: os outros jogadores e até os policiais podiam bater no
infrator.
E o grande craque, Domingos da Guia, confirma:
Ainda garoto eu tinha medo de jogar futebol, porque vi
muitas vezes jogador negro, lá em Bangu, apanhar em campo, só porque fazia uma
falta, nem isso às vezes (…) Meu irmão mais velho me dizia: “Malandro é o gato
que sempre cai de pé… Tu não é bom de baile?” Eu era bom de baile mesmo, e isso
me ajudou em campo… Eu gingava muito… O tal do drible curto eu inventei
imitando o miudinho, aquele tipo de samba.
É assim que os jogadores negros se
apropriaram do drible para inová-lo, usando “passes do samba e quiçá da
capoeira”, diz Noguera. Era uma forma de “defesa e, ao mesmo tempo, tática de
ataque diante das limitações impostas pelas regras do futebol”, afirma.
Como se vê, até o mais popular esporte do
País nasceu contaminado pela sujeira racista. E o preconceito de cor continua a entrar em
campo, mesmo hoje em dia.
O artigo de Noguera também traz profundas
questões filosóficas. Clique aqui para ler.
Leia também: Tá vendo aquele
estádio, moço? Ajudei a construir...
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