Os neoliberais costumam se apresentar
como libertários. Campeões da luta contra o autoritarismo estatal. Mas, na
verdade, defendem outro tipo de autoritarismo: o da liberdade de mercado. É
como disse Marx em “O Capital”: “A concorrência impõe a cada capitalista as
leis imanentes do modo capitalista de produção como leis coercitivas externas”.
Se as leis do mercado são
coercitivas em relação aos próprios capitalistas, o que dizer sobre aqueles que
são por eles explorados. Um século e meio depois da publicação do livro de Marx,
podemos enxergar isso muito mais claramente.
É só abrir os jornais e ver as
expectativas que cercam as periódicas decisões do Banco Central, aqui e em muitos
outros países. Estes minúsculos comitês decidem o destino de dezenas de milhões
de vidas. São compostos por meia dúzia de pessoas, nenhuma delas eleitas pelo
voto direto.
Portanto, o Estado não é o
oposto autoritário de uma sociedade libertária. É a garantia do autoritarismo
econômico que preserva os interesses de poucas e poderosas empresas. Governos e
parlamentos limitam-se a aprovar medidas recomendadas pelas “autoridades monetárias”
que só agravam o desemprego e a miséria.
A favor dos neoliberais,
apenas o fato de que escancaram o verdadeiro espírito da democracia capitalista.
A inflação realmente perigosa não é aquela que desvaloriza a moeda. É a que dá
a cada cédula de dinheiro o valor de milhares de cédulas eleitorais.
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