A obra destaca os primeiros
beneficiados por um programa de ação afirmativa no país, promovido pela PUC-RJ,
em 1994. Os depoimentos dos entrevistados ajudam a entender o peculiar racismo brasileiro,
cheio de ataques rasteiros.
É o caso da jornalista
Luciana Barreto. Hoje, ela é âncora da emissora pública TV Brasil, mas enfrenta
questionamentos do tipo:
Ah, você está no vídeo porque
é negra, porque eles precisam de alguém negro.
Outro depoimento é da
advogada Miracema Alves dos Santos:
Às vezes eu converso com meus
colegas brancos sobre situações que eu passo e eles dizem: “ah, mas pode não
ter sido preconceito”. É, realmente pode não ter sido, mas quando você é negro,
você sente a diferença, porque é com você.
Ou seja, há sempre uma forma
para o preconceito se manifestar. E ele fica mais pesado em posições
consideradas de prestígio. Como o autor do livro diz:
Nos espaços de poder e
visibilidade é onde você encontra menos negros, mesmo os que já estão
qualificados.
Todas as pesquisas confirmam
isso. Negros em postos de comando continuam ser raros. Como dizia Florestan, o
racismo brasileiro afirma não incomodar os negros, desde que eles saibam ficar no
seu lugar.
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