Um percurso feliz, sem dúvida.
Mas a matéria recebeu o seguinte título: “Família avança no ritmo do progresso
do Brasil”. O título refere-se apenas àquele grupo familiar, mas pode sugerir que
o mesmo acontece com os negros em geral.
Primeiro, uma das sociedades
mais desiguais do mundo não tem motivos para comemorar um suposto progresso. Segundo,
isto é ainda mais verdade para a grande maioria negra de nossa população. Veja-se
o caso do nível de escolaridade, destacado pelo Globo.
Em setembro de 2006, o IBGE fez um estudo baseado na Pesquisa Mensal de Emprego nas seis maiores
regiões metropolitanas do país. Os dados mostravam que negros com a mesma
escolaridade de brancos recebiam salários menores.
Em 2004, foi divulgado o estudo
“Características da População em Idade Ativa Segundo a Cor ou Raça nas Seis
Regiões Metropolitanas”. A pesquisa indicava que negros empregados possuíam 7,7
anos de estudos, enquanto os desempregados, 8 anos.
Ou seja, para os negros, mais
anos de estudo pode significar menos chances de emprego. Afinal, os postos de trabalho
mais qualificados estão reservados aos brancos. Apesar disso, somos obrigados a
ler e ouvir afirmações como “Maioria dos negros já é de classe média”, presente
na mesma edição do Globo.
A quem interessa um recorte
dourado como este da questão racial no Brasil? Certamente, à nossa ideologia racista,
mais conhecida como democracia racial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário