Pedro Ferreira de Souza é pesquisador do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada. Em 03/02, publicou na Folha artigo sobre a desigualdade
social brasileira. Ele utilizou informações do imposto de renda para medir a
concentração da riqueza nacional desde 1920.
Souza concluiu que durante boa parte desse tempo,
incluindo as últimas décadas, a desigualdade social sempre foi muito alta. Ainda
que, segundo ele, tenha havido “idas e vindas abruptas”.
É o caso dos aumentos expressivos da desigualdade
verificados nos primeiros anos das ditaduras do Estado Novo e de 1964. Ou das
quedas ocorridas nos anos 1950, no governo Juscelino, e entre o final da década
de 1980 e a segunda metade dos anos 1990.
É provável que um fator explicativo importante para essas
variações seja a dinâmica da luta de classes.
As ditaduras buscaram aumentar a desigualdade social reprimindo
violentamente os trabalhadores organizados. Já os anos JK e o final da década
de 1980 sucederam períodos de grandes greves e mobilizações de trabalhadores.
O Estado Novo e a ditadura militar surgiram como reação
violenta e conservadora à mobilização dos trabalhadores. O Plano Real reagiu às
lutas do período pós-ditadura, trocando estabilização monetária por retirada de
direitos, privatizações e muito desemprego.
As políticas sociais petistas aproveitaram a crise do
Real para aumentar a distribuição de renda sem mexer na riqueza. Agora, uma e
outra devem receber novo impulso concentrador com a crise do lulismo.
O trágico é que essa ofensiva parta de um governo que, eleito
na condição de aliado dos explorados, passou a comportar-se como seu capataz.
É o lado mais sujo da luta de classes.
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