A Andrade Gutierrez realizou obras em um sítio do ditador
João Batista de Figueiredo.
José Sarney ganhou de empresários uma fundação com seu
nome em São Luís do Maranhão, pouco depois que saiu da presidência.
Fernando Collor reformou a Casa da Dinda com o dinheiro
que PC Farias juntou e é lá que estaciona seus Porsche, Bentley, Lamborghini
etc.
Fernando Henrique Cardoso montou o instituto que leva seu
nome com ajuda de um grupo de empreiteiras, incluindo a Odebrecht.
Portanto, nenhuma surpresa se Lula da Silva foi beneficiado
pela OAS com um apartamento múltiplo e verdejante sítio.
Também não faz sentido investigá-lo e não fazer o
mesmo em relação a seus antecessores. Todos igualmente suspeitos de corrupção.
No entanto, há uma diferença entre Lula e os outros. Até
agora, pelo menos, ninguém conseguiu afirmar que ele ou sua mulher são donos
dos imóveis que lhes teriam sido ofertados pelo poder econômico.
De fato, há uma ironia nisso tudo. O pau-de-arara que
saiu do sertão, passou a peão de fábrica, a sindicalista e chegou a deputado,
cometeu o crime de tornar-se presidente.
Para agravar, parece ter achado que entrara na intimidade
do poder para nele ficar como mais um condômino vitalício dos palácios.
Na verdade, Lula, chegaste à estranha condição de inquilino
ameaçado de despejo de um imóvel em que nem mesmo moraste.
No máximo, Lula, foste um mordomo, ocupante dos anexos da
mansão, a manter os patrões e seu patrimônio muito bem cuidados. A serviço
deles, chefiavas os criados com grande rigor e muita conversa mole.
Sem triplex para ti, Lula.
Triste, muito triste. O momento seria propício para um debate onde se poderia questionar a gama de privilégios da classe política, mas não causa indignação no coletivo que se tornou massa de manobra, que um ex-presidente possua um triplex, e entretanto, causa indignação que Lula possua um triplex, e nisso reside uma diferença substancial.
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