Enquanto pulávamos o carnaval, a economia mundial ficou
de pernas para o ar. Bolsas despencando, fugas de capitais, bancos com números
ruins, desconfianças sobre a economia chinesa.
Uma das consequências dessa situação foi a queda dos juros
em economias importantes do planeta. Os Bancos Centrais já colocaram US$ 6 trilhões
em títulos com rentabilidade negativa. Ou seja, o investidor compra papéis da
dívida pública de países como Japão, Suécia, Suíça e Dinamarca
sabendo que vai ter prejuízo.
A medida pretende afastar os investidores da especulação
financeira e estimular a aplicação de seus recursos em negócios que aqueçam a
economia real. Mas é provável que eles prefiram embolsar o
prejuízo. Por que alguém faria isso? Quem responde é Vinicius Torres Freire, em
sua coluna de 10/02, na Folha:
Porque as opções parecem piores.
Bancos, seguradoras ou fundos de pensão não podem guardar bilhões no cofre.
Bancos podem considerar que não vale a pena emprestar a clientes ou fazer outra
aplicação mais rentável, mas perigosa, dado o alto risco de calote numa
economia deprimida. Ou consumidores e empresas podem estar meio falidos ou
avessos a dívidas. Ou pode ser que se acredite em taxas ainda mais negativas...
E o colunista conclui:
Apesar dos juros negativos, se faz
pouco negócio na Europa e no Japão. Há deflação ou risco disso: queda de
preços, em suma queda de salários, medo de mais crise. Os salários caem no
Japão desde 2012. Trata-se de uma forma amena de doenças graves vistas na
Grande Depressão dos anos 1930.
As loucuras do carnaval terminaram. As da crise de 2008 estão longe do fim.
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