“Todos os movimentos
radicais mais interessantes das últimas quatro décadas brotaram fora do
marxismo”. Esta é mais uma afirmação cuja falsidade Terry Eagleton demonstra em
“Marx estava certo”.
Ele começa pelas
palavras do teórico anticolonialista Robert J.C. Young:
No
início do século XX, o movimento comunista era a única esfera em que a questão
de gênero, ao lado das questões de nacionalismo e colonialismo, surgia e era
debatida de forma sistemática. O comunismo foi o primeiro, e único, programa
político a admitir a inter-relação dessas formas distintas de dominação e
exploração [classe, gênero e colonialismo] e a necessidade de abolir todas elas
como base fundamental para a consecução da libertação de cada uma”.
Cita também a
feminista Michèle Barrett, para quem “afora o pensamento feminista não existe
tradição de análise crítica da opressão à mulher que se compare à atenção
incisiva dada à questão por sucessivos pensadores marxistas”.
Além disso:
Nas
décadas de 1920 e 1930, praticamente os únicos homens e as únicas mulheres que
pregavam a igualdade racial eram comunistas. A maior parte do nacionalismo
africano após a Segunda Guerra Mundial, de Nkrumah e Fanon em diante, se
apoiava em alguma versão do marxismo ou do socialismo.
Portanto, diz
Eagleton, os marxistas “foram vanguardistas quanto às três maiores lutas
políticas da Idade Moderna: a resistência ao colonialismo, a emancipação das
mulheres e a luta contra o fascismo”.
Nada disso desculpa o
eurocentrismo e as muitas atitudes preconceituosas manifestados por Marx em sua
vida pessoal. Apenas mostra que o envolvimento do marxismo na luta de classes pode
torná-lo melhor que seus melhores formuladores. Incluindo seu criador.
Obs.: Pílula número 1.800.
Obs.: Pílula número 1.800.
Leia
também: O
respeito de Marx pela natureza
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