Doses maiores

25 de junho de 2018

Muitas vezes, o marxismo foi melhor que Marx

“Todos os movimentos radicais mais interessantes das últimas quatro décadas brotaram fora do marxismo”. Esta é mais uma afirmação cuja falsidade Terry Eagleton demonstra em “Marx estava certo”.

Ele começa pelas palavras do teórico anticolonialista Robert J.C. Young:

No início do século XX, o movimento comunista era a única esfera em que a questão de gênero, ao lado das questões de nacionalismo e colonialismo, surgia e era debatida de forma sistemática. O comunismo foi o primeiro, e único, programa político a admitir a inter-relação dessas formas distintas de dominação e exploração [classe, gênero e colonialismo] e a necessidade de abolir todas elas como base fundamental para a consecução da libertação de cada uma”.

Cita também a feminista Michèle Barrett, para quem “afora o pensamento feminista não existe tradição de análise crítica da opressão à mulher que se compare à atenção incisiva dada à questão por sucessivos pensadores marxistas”.

Além disso:

Nas décadas de 1920 e 1930, praticamente os únicos homens e as únicas mulheres que pregavam a igualdade racial eram comunistas. A maior parte do nacionalismo africano após a Segunda Guerra Mundial, de Nkrumah e Fanon em diante, se apoiava em alguma versão do marxismo ou do socialismo.

Portanto, diz Eagleton, os marxistas “foram vanguardistas quanto às três maiores lutas políticas da Idade Moderna: a resistência ao colonialismo, a emancipação das mulheres e a luta contra o fascismo”.

Nada disso desculpa o eurocentrismo e as muitas atitudes preconceituosas manifestados por Marx em sua vida pessoal. Apenas mostra que o envolvimento do marxismo na luta de classes pode torná-lo melhor que seus melhores formuladores. Incluindo seu criador.

Obs.: Pílula número 1.800.

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