O
livro “O goleiro e outros textos sobre futebol” reúne nomes como
Otto Lara Resende, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes,
José Miguel Wisnik e Tostão.
O
trecho que segue abaixo é de Paulo Mendes Campos. “História do
Brasil” é uma crônica publicada na Revista “Manchete”, em
06/08/1966.
No
texto, o cronista cita a derrota da seleção brasileira pelo
Uruguai, em 1950, sua eliminação pela Hungria, em 1954 e o
bicampeonato conquistado em 1962. Portugal eliminaria o Brasil na
Copa de 1966.
E o Senhor disse:
Agora criarei o mais estranho de
todos os países. E ele será verde-amarelo e atenderá no concerto
das nações pelo nome de Brasil.
E o tórrido Brasil amará o
futebol acima de pai e de mãe. Então criarei a Copa do Mundo. E um
dia o Brasil perderá esse galardão na última batalha, dentro de
seus próprios muros, quando lhe bastaria o empate. Quatro anos
depois caberá aos comunistas eliminar os brasileiros, para que se
aumente a confusão. E para que se aumente a confusão, criarei uma
comissão técnica que não entenda nada de futebol. E esta será
bicampeã do mundo. E o tórrido Brasil, chorando de alegria, beberá
muita cachaça, e comerá muito pastel, e tocará muita cuíca. Aí,
eis que farei o Brasil perder o Tri, e a Taça, e a Alegria para
Portugal. Pois assim está escrito. Para que o brasileiro continue na
sua confusão, irmão do vento, que ninguém entende.
O
Tri, o Tetra e o Penta finalmente vieram. Mas nada disso parece ter
nos tirado, irmãs e irmãos de vento, de nossa invicta confusão.
Leia
também: O
futebol entre o tribalismo e o nacionalismo
Nenhum comentário:
Postar um comentário