Costuma-se apresentar Martin Luther
King como um “Gandhi negro”. Em seu livro “A Não Violência
– Uma história fora do mito”, Domenico Losurdo mostra significativas diferenças.
Para King havia casos em que a
violência a partir de baixo pode ser justificada. É o caso da África do Sul do
apartheid.
Ele recomendava a avaliação realista
das relações de força, não sua recusa incondicional. Achava, por exemplo, que
qualquer tentativa por parte dos negros americanos de derrubar o opressor com violência
jamais seria bem-sucedida:
Quem lidera uma rebelião violenta
deve estar apto a oferecer uma avaliação honesta do número de vítimas que
provavelmente vai haver em uma população que se levanta contra uma maioria rica
e bem armada, que inclui uma facção de fanáticos direitistas, prontos para
aproveitar com alegria a ocasião de exterminar milhares de homens, mulheres e
crianças negros.
Ainda, segundo King:
Nunca uma revolução interna
conseguiu derrubar um governo com meios violentos, a não ser quando o próprio
governo já tinha perdido a fidelidade e o comando efetivo das próprias forças
armadas. E todos em sã consciência sabem que nos Estados Unidos isso não
acontece.
Realmente, foi uma situação como essa que permitiu a tomada do poder pelos sovietes em 1917.
Diferente de Gandhi, King recusava
os meios violentos principalmente quando eles se concentram na exposição suicida
dos revoltosos às forças repressivas.
Engels concordaria. Em 1895, na Introdução
de “As Lutas de Classes na França”, ele respondeu aos “que nos acusam, hoje em
dia, de moleza por não descermos diretamente às ruas”, que não havia porque
fazê-lo “quando temos de antemão a certeza da derrota”.
Leia também: Gandhi
e Lênin: uma comparação
Me decepcionei um pouco com uma informação do documentário Vietnam War que mostra que o MLK Jr hesitou bastante em entrar na campanha contra a Guerra.
ResponderExcluirEle aderiu somente em 1967 (8 anos depois do início), segundo a visão do diretor porque tinha uma certa dívida de gratidão com o presidente Johnson em virtude da atuação deste em relação ao avanço dos direitos civis.
Enfim, antes tarde do que nunca, mas vale o registro.
Abraço
Bruno
No livro do Losurdo, ele fala sobre isso. King realmente demorou a começar a ver as coisas de um ponto de vista mais classista.
Excluir