Segundo a famosa
alegoria de Platão, aqueles que estão presos em uma caverna acham que as
sombras projetadas pela luz externa em suas paredes são toda a realidade a ser
conhecida.
Para ele, nossas almas
são como esses prisioneiros, escravizados pelo mundo da experiência sensorial,
incapazes de ver diretamente a realidade e confundindo formas ilusórias com a
verdade.
Poluída por desejos
físicos, a parte da alma que é orientada pelo corpo está em conflito com sua
parte espiritual.
Em uma pessoa
disciplinada, explica Platão, o desejo obedece à razão, assim como, em um
Estado bem organizado, as ordens inferiores obedecem aos governantes.
Trata-se de um cosmos
dividido entre um mundo ideal, conhecido apenas pela alma, e o mundo material
mutável, experimentado pelo corpo.
A tradição cristã se
apropriou dessa concepção considerando o corpo como fonte de todo o pecado.
O filosofo Descartes
daria novo impulso a essa separação. Dizer que “penso, logo existo” significa
que é a mente separada do corpo que nos torna realmente humanos.
Nossos corpos são mera
matéria sem valor intrínseco. E se isso é verdade para eles, deve ser
igualmente verdadeiro para o resto da natureza - animais, plantas e tudo o
mais.
Desse modo, pensadores
religiosos e racionalistas podem discordar em tudo, exceto sobre a santidade da
mente (alma) em contraste com o resto da natureza.
O relato acima é baseado no livro “The Patterning Instinct”, no qual Jeremy Lent procura explicar
como a tradição ocidental aprendeu a destruir a natureza sem qualquer culpa.
O autor compara essa
concepção com outras tradições, como a chinesa. Mas fica para a próxima.
Leia também: A
humanidade e suas tentações suicidas
Nenhum comentário:
Postar um comentário