Doses maiores

14 de janeiro de 2020

A solidariedade das árvores e a solidão humana

Mais segredos vegetais retirados do livro “Vida Secreta das Árvores”, de Peter Wohlleben.

Segundo ele, florestas são superorganismos semelhantes aos formigueiros. As árvores são seres tão sociais que compartilham nutrientes até com espécies concorrentes. Afinal, diz o autor:

Uma única árvore não forma uma floresta, não produz um microclima equilibrado; fica exposta, desprotegida contra o vento e as intempéries. Por outro lado, muitas árvores juntas criam um ecossistema que atenua o excesso de calor e de frio, armazena um grande volume de água e aumenta a umidade atmosférica – ambiente no qual as árvores conseguem viver protegidas e durar bastante tempo.

Se todos os espécimes só cuidassem de si, grande parte morreria cedo demais. As mortes constantes criariam lacunas no dossel verde. Com isso, as tempestades penetrariam a floresta com mais facilidade e poderiam derrubar outras árvores. O calor do verão ressecaria o solo. Todos os espécimes sofreriam.

Mesmo os espécimes doentes recebem ajuda e nutrientes até ficarem curados. E uma árvore que no passado auxiliou outra pode no futuro precisar de uma mãozinha.

Já nas florestas plantadas, elas “se comportam como indivíduos solitários”. Por isso, “enfrentam muitas dificuldades e na maioria dos casos nem envelhecem”. Dependendo da espécie, são consideradas maduras para serem derrubadas aos 100 anos. Idade prematura para a grande maioria das árvores.

Para Wohlleben, as árvores são solidárias por motivos semelhantes aos que estão presentes nas sociedades humanas: juntas elas são mais fortes.

Pode ser, mas entre nós a união que faz a força vem se restringindo a cada vez menos indivíduos. Além de triste, a solidão está nos tornando uma espécie fraca.

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