“Provavelmente não
existe hoje nenhum grupo de pessoas cujos ancestrais nunca tenham sido em algum
momento escravos ou donos de escravos”, afirma Laurentino Gomes em seu livro “Escravidão”.
Realmente, o trabalho escravo
sempre esteve presente na história humana. Aristóteles era senhor de escravos.
Thomas Jefferson e Tiradentes, também.
Mas Aristóteles
afirmou em seu tratado sobre política que a “humanidade se divide em duas: os
senhores e os escravos; aqueles que têm o direito de mando e os que nasceram
para obedecer”.
Já o herói nacional
estadunidense e seu equivalente brasileiro, são símbolos de uma época cujos valores
maiores são a igualdade, a fraternidade e a liberdade humanas.
O filósofo John Locke foi
grande defensor e propagador desses valores. Gomes cita uma de suas frases mais
famosas: "A
verdadeira liberdade consiste em não estar sujeito à vontade inconstante,
incerta, desconhecida e arbitrária de um outro ser humano".
Apesar da beleza dessas
palavras, Locke era acionista de uma companhia de tráfico negreiro, lembra o
autor.
Em uma das cenas mais marcantes
de sua presidência, Barack Obama canta “Amazing Grace” em um funeral, em 2015. O compositor desse belo hino
protestante é John Newton, capitão de navio negreiro.
É essa enorme hipocrisia
que diferencia nossa época em relação às outras quando se trata da servidão humana.
Afinal, informa Gomes, estima-se:
...que
existam, hoje, mais escravos no mundo do que em qualquer período durante os 350
anos de escravidão africana na América. Seriam 40 milhões de pessoas vivendo
nessas condições — ou seja, mais do que o triplo do total de cativos traficados
no Atlântico até meados do século XIX.
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