Em janeiro de 2018,
Rui Kureda nos deixou. Felizmente, ele também nos deixou importantes contribuições
para a luta revolucionária. Uma delas é “O Fantasma de Stálin”,
artigo no qual identificava um fenômeno ainda em formação: o retorno do
stalinismo.
Referindo-se à
condenação generalizada do stalinismo a partir dos anos 1960 do século passado,
Rui afirmava que ao ser “mandado ao inferno”, Stálin, de certo modo, levou consigo
também o socialismo revolucionário.
No rastro da correta e
justa condenação e abandono do stalinismo, seguiu-se a adesão de vastos setores
da esquerda à conciliação de classes e ao abandono das alternativas revolucionárias.
Mas quando os caminhos
reformistas para a transformação social se mostraram bloqueados, a necessidade que
muitos setores militantes sentiram de retomar a luta revolucionária passou a se
confundir com a exumação do stalinismo.
Foi por isso que Rui desaconselhou
“considerar o stalinismo como ‘cachorro morto’”. Afinal, dizia ele:
Se
a crise histórica do stalinismo é uma realidade, é preciso reconhecer que o
acerto de contas teórico-político com o legado stalinista é uma tarefa que
ainda não foi cumprida. Para muitos esse acerto pode parecer uma simples
especulação sobre o passado, pois aparentemente a incidência desse debate na
atualidade está longe de ter a urgência de antes.
“Aparentemente”,
ressaltava o artigo, que é de 2003. Já naquele momento, Rui advertia ser urgente
que “o cadáver do stalinismo” fosse “dissecado, para que o fantasma de Stalin
seja definitivamente exorcizado”.
A esquerda
revolucionária continua devendo essa tarefa. O fantasma já circula com mais desenvoltura.
Retomar a leitura do artigo do Rui é um bom começo para buscarmos esconjurá-lo
definitivamente.
Leia também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário