A maioria dos estudiosos
concorda que uma de principais características do fascismo é seu caráter de
massa.
Mas como alerta Dave
Renton em seu livro “Fascism: Theory and Practice”, a base social do fascismo
italiano era formada principalmente por trabalhadores administrativos, pequenos
proprietários e profissionais liberais.
O partido de Mussolini
era pouco popular entre trabalhadores gráficos, mecânicos, metalúrgicos e da construção
civil. Os operários não passavam de 15 a 20% de seus membros.
De fato, o fascismo revelou-se
uma ditadura brutal para os trabalhadores italianos. Entre 1927 e 1932, estatísticas
oficiais mostram redução de 50% no valor de seus salários.
Mas a pequena
burguesia também foi prejudicada. Decretos passaram a regular os preços de
varejo em abril de 1934, atingindo diretamente os comerciantes, entre os quais
havia grande apoio ao fascismo.
A classe que mais se
beneficiou do regime fascista italiano foi a dos grandes empresários. No período,
foram abolidos impostos sobre capital, herança, lucros de guerra e salários de altos
executivos.
Na Alemanha, a base social
nazista também era pequeno-burguesa, mas os maiores beneficiados por seu governo
foram os grandes industriais e latifundiários. Entre 1933 e 1936, os lucros
médios desses setores aumentaram 433%.
Mas apesar disso tudo,
muitos setores da alta burguesia resistiram a apoiar o fascismo em seu início.
Estas circunstâncias
tornam difícil explicar o fascismo apenas a partir de relações puramente econômicas.
É preciso levar em conta a luta de classes e suas muitas contradições.
Do contrário, é impossível
explicar não só Hitler e Mussolini, mas Trump e Bolsonaro. Pior que isso, torna
ainda mais difícil lutar contra eles.
Continua...
Leia também: Teorizar
sobre o fascismo para derrotá-lo
Serginho, boa, muito se tem falado de neofascismo, protofascismo etc por não ter uma ou outra característica forte do fascismo, como o nacionalismo, ser de massa etc. Eu acho que tem que se entender a natureza mais significativa do fascismo, o elo principal da corrente que ele representa. Eu não sei bem ao certo qual seria. Agora, amigo, assisti recentemente o filme Triunfo da Vontade. Creio que vá escrever sobre ele. Foi de massa, sim, o nazismo. Não sei se na composição econômica, mas de povo era muito. Não só por isso me impressionou muito o filme. Vale a pena ver.
ResponderExcluirBoa dica. Infelizmente, precisamos voltar a olhar para o facismo antigo porque o novo tá às portas. Valeu!
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