Doses maiores

18 de junho de 2020

Fascista bom é fascista amordaçado

Voltamos ao livro “Antifa - O Manual Antifascista”, de Mark Bray, e sua abordagem sobre a liberdade de expressão.

Sempre que os antifascistas dizem que não se deve permitir aos fascistas o direito de manifestação, alguém adverte: “Hoje, são os fascistas, amanhã podem ser os comunistas, as feministas, os gays...”

Acontece, argumenta Bray, que os esforços para negar palanques aos fascistas não surgiram da iniciativa e caprichos de indivíduos aleatórios:

São parte de uma luta histórica, muitas vezes travada na autodefesa de movimentos de esquerda – judeus, não brancos, muçulmanos, queer, trans e outros – para garantir que os fascistas não crescessem o suficiente para assassiná-los. Trata-se do resultado de gerações de luta transnacional, não um experimento no campo das ideias.
E no decorrer dessas lutas, muitos corpos ficaram no chão sem que as “autoridades constituídas” fizessem valer o direito de suas vítimas de não serem agredidas ou mortas pelo fascismo.

Além disso, nenhum movimento antifascista na história desembocou em regimes de terror como aconteceu na Itália e Alemanha. Já os fascistas, muitas vezes, mesmo sem conquistar o poder, continuam a matar, torturar e estuprar nas ruas sem serem incomodados por governos liberais, cujas polícias costumam tratar com enorme violência até as mais pacíficas manifestações da esquerda.

Um antirracismo “passivo” é tudo que os supremacistas brancos querem, diz o autor. E conclui:

Se não os detivermos quando eles são pequenos, nós os enfrentaremos quando? Quando estiverem governando? Vamos esperar até que suásticas sejam levantadas em prédios públicos para que possamos nos defender?
Fascistas têm todo o direito de pensar merda em casa. Não de falar merda em público.

Leia também: Para os fascistas, nenhum palanque!

2 comentários:

  1. Gostei, tá bom, simples assim para se entender: "Fascistas têm todo o direito de pensar merda em casa. Não de falar merda em público."

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