Doses maiores

17 de junho de 2020

Para os fascistas, nenhum palanque!

Pode-se discordar de algumas conclusões do livro “Antifa - O Manual Antifascista”, de Mark Bray, mas sua leitura é obrigatória.

Ao tratar sobre “liberdade de expressão”, por exemplo, a publicação diz:
No coração da visão antifascista está uma rejeição da clássica frase atribuída a Voltaire: “Discordo do que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo”. Depois de Auschwitz e Treblinka, os antifascistas se comprometeram a lutar até a morte contra a possibilidade de nazistas organizados falarem qualquer coisa.
Para os fascistas, “nenhum palanque”, afirmam os “antifas”. A defesa absoluta da liberdade de expressão, diz Bray, pressupõe um Estado neutro. Mas:
Os cadáveres de vários membros dos Panteras Negras assassinados mostram como o governo só assume uma posição neutra com relação à liberdade de expressão quando não está se sentindo ameaçado.
Os liberais dizem que a livre circulação de ideias permite que as boas se mantenham no superfície, enquanto as más escorrem pelo ralo. Isso já era falso quando apenas a grande mídia tradicional monopolizava a esfera pública. É ainda pior, hoje, com a chegada de monopólios como Google e Facebook e seus algoritmos que disseminam ódio e intolerância.

Muitos liberais querem limitar a defesa da legalização das drogas, mas não a propaganda nazista. Também não se importam que a polícia cale imigrantes sem documentos, enquanto permite à Ku Klux Klan divulgar suas mensagens de extermínio racista.

Os antifascistas também valorizam a troca livre e aberta de ideias. Mas se recusam a ouvir passivos aqueles que usam essa liberdade para promover genocídios ou questionar a humanidade das pessoas. Fascista bom é fascista amordaçado.

Leia também: Como combater o fascismo no campo das ideias

Nenhum comentário:

Postar um comentário