Doses maiores

20 de junho de 2020

Bolsonaro em crise nunca foi motivo para otimismos fáceis

As Forças Armadas chegaram à conclusão que nos encontramos num fim de linha e que chegamos no limite social absoluto. Além disso, a classe dominante já delegou a tarefa de organização do capital para o pior, ela já deu carta branca para uma outra governança. É como se a classe dominante tivesse desistido do país que ela domina. A incrível ascensão espetacular do Governo-Militar-Democrático-Autoritário que estamos assistindo é a continuação da prática de governo militar de populações excedentes que vem se instalando no Brasil há algumas décadas. Uma gestão da barbárie (...) na qual se juntam polícias, milícias, igrejas pentecostais, editais culturais, ONG’s e todos os programas sociais de contenção.
O trecho acima pertence ao artigo Notas sobre uma hipótese militar, em que Frederico Lyra reúne conclusões dos professores de Filosofia, Paulo Arantes e Marildo Menegat.

É apenas um exemplo de avaliações que podem relativizar as atuais expectativas em torno de uma provável derrota do governo Bolsonaro.

É verdade que a crise no laranjal do governo parece quase terminal. Mas precisamos considerar três fatores importantes:

1) O governo Bolsonaro é o único desde o fim da ditadura que tem nas crises seu principal motor de funcionamento.

2) Bolsonaro também foi o único nesse mesmo período a recolocar os militares na cena política como protagonistas e espinha dorsal de seu governo.

3) Desde a chamada “redemocratização”, as forças de esquerda nunca estiveram tão afastadas da protagonismo político.

Claro que nada disso blinda Bolsonaro, necessariamente. Há muitas contradições. Mas não temos motivos suficientes para alimentar otimismos fáceis. O pessimismo da razão continua a ser o melhor conselheiro.

Leia também: A pandemia e a dose necessária de pessimismo inteligente

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