Concertos de música clássica nas fábricas. Departamentos responsáveis por elaborar técnicas sobre decoração, ergonomia, segurança e lazer no locais de trabalho. Cantinas, salas de reunião, bibliotecas, jogos e prática de esporte no espaço laboral.
Ainda não havia aulas de ioga ou “coaches” especializados em entregar felicidade, mas o princípio e o espírito são os mesmos.
Aquelas que aplicassem rigorosamente esse modelo eram consideradas "empresas modelo"
O cumprimento das metas de produção exigia trabalhadores convencidos da importância de suas tarefas e entusiasmados com seu trabalho.
Elementos como "força de trabalho", "capital" ou "material humano" só seriam plenamente eficazes e lucrativos se o trabalhador se sentisse livre e feliz, autônomo e capaz de tomar iniciativas.
Era preciso recuperar a capacidade produtiva de uma força de trabalho explorada até a exaustão. Fundamental tornar possível o retorno do trabalhador a um estágio de plena disponibilidade e desempenho.
Tudo o que está escrito acima diz respeito à Alemanha nazista. Por trás do arame farpado e das torres de vigia, havia uma organização complexa, na qual o poder procurava obter consentimento pela satisfação pessoal. Um sistema de dominação em constante negociação com seu povo. O “povo eleito”, claro.
Essas relações de poder, mais participativas do que repressivas, tinham um significado ideológico. Era necessário opor à sociedade da luta de classes a comunidade racial. Uma Alemanha unida em sua “luta pela vida”, livre das ideias envenenadas e falsas que vinham do marxismo.
Era essa a concepção gerencial nazista, segundo o livro “Livres para obedecer”, do historiador francês Johann Chapoutot. Qualquer semelhança com as receitas neoliberais para explorar a classe trabalhadora não é coincidência.
Leia também: Ideais nazistas continuam a prosperar nos locais de trabalho
Puxa vida, se o empresariado atual soubesse o que era o nazismo em seus aspectos mais internos, pensariam que era muito mais moderno do que eles pensam ser. E se os fascistas atuais vissem, pensariam que eles eram comunistas mesmo.
ResponderExcluirSabe, esse livro que li mostra que há coisas sobre o nazismo que são contraintuitivas. Por exemplo, eles diziam que o Estado como entidade superior era uma invenção dos judeus. Acima do Estado, estava a raça e acima da raça o Fuhrer.
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