Doses maiores

25 de julho de 2020

Florestan contra a “democracia racial”

O “branco” acha que conquistado o prestígio social, o negro livra-se do “preconceito de cor”. O negro, ao contrário, diz que aí sim é que vê seu caminho bloqueado pelo “preconceito de cor”.

Numa sociedade em que o “preconceito de cor” se manifesta de modo assistemático, dissimulado e confluente (...) remar contra a maré era uma tarefa ingrata, difícil e incerta. Antes de convencer o branco, o “negro” tinha que convencer a si próprio e de vencer as resistências aninhadas no meio negro.

Onde os interesses e os liames das classes sociais poderiam unir as pessoas ou os grupos de pessoas fora e acima das diferenças de “raça”, [estas] dividem e opõem, condenando o “negro” a um ostracismo invisível e destruindo, pela base, a consolidação da ordem social competitiva como “democracia racial”.

Os trechos acima estão no livro “A integração do negro na sociedade de classes” do sociólogo Florestan Fernandes, cujo centenário de nascimento foi comemorado em 22/07/2020.

Mas comemorado apenas por aqueles que lutam contra o racismo e todas as outras formas de exploração e opressão de nossa sociedade, às quais Florestan combateu corajosamente na academia e fora dela.

“A integração do negro...” foi publicada pela primeira vez em 1965, tornando-se elemento fundamental para o desmonte da ideologia racial da classe dominante brasileira.

Em tempos em que a organização social deixa aflorar seus piores instintos discriminatórios e violentos, revisitar Florestan é sempre necessário. Mas ler ou reler “A integração do negro...” é obrigatório.

Clique aqui e acesse um texto comentando o livro, esperando que sirva de convite para ler ou reler a obra original.

2 comentários:

  1. Já coloquei na minha lista de "desejos literários", bem como a obra de Clovis Moura. Esse blog é um verdadeiro convite ao automedicamento de conhecimento e libertação! Grata!

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