A opressão que muitos de nós sofrem costuma ser redirecionada a outros. É por isso que gays podem ser racistas, muitos negros são machistas e há mulheres homofóbicas. É por isso que também há negros racistas, mulheres machistas e gays homofóbicos. Cliff cita ainda os preconceitos contra os mais jovens. Quase sempre considerados esquerdistas ingênuos pela militância mais madura.
A classe dominante assiste feliz a tudo isso. Segue sustentando seu sistema de exploração.
O desafio do movimento socialista é oferecer uma alternativa de luta que supere todos esses obstáculos internos aos explorados. Se um dia conquistarmos essa vitória, nosso movimento será liderado por várias mulheres trabalhadoras, que sejam ao mesmo tempo negras, gays e jovens.
Os trechos acima são da pílula “A revolução liderada por operárias negras, jovens e gays”, publicada em 08/03/2012. O título inspirava-se em um artigo do revolucionário inglês Tony Cliff.
Oito anos depois, uma entrevista publicada no portal “Marco Zero Conteúdo” recebeu o seguinte título: “Liderança dos entregadores antifascistas em Pernambuco é jovem, negra, lésbica e da periferia”.
O depoimento aconteceu no contexto da primeira greve nacional dos trabalhadores de aplicativos de entrega, realizada no dia 01/07.
O momento não é revolucionário e o socialismo está longe de nosso horizonte. Mas cada vez mais ser mulher, explorada, negra e gay, sob um sistema que esmaga liberdades, empurra milhões para as fileiras antifascistas. E integrar essas fileiras já é meio caminho para assumir a vanguarda de lutas revolucionárias.
Ela se chama Pammella Silva e tem 21 anos. É uma das centenas de milhares de vítimas do sistema que podem se tornar seus carrascos.
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