Doses maiores

10 de abril de 2012

Ler não compensa, já o crime...

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil entrou na pauta de vários jornais. Seus resultados foram divulgados no início de abril pelo Instituto Pró-Livro. No geral, os dados mostram um quadro bastante negativo. O número de leitores teria diminuído desde 2007, data da última edição da pesquisa.

Ao mesmo tempo, o estudo mostra que o passatempo preferido dos entrevistados continua sendo assistir televisão, com 85% das respostas. Enquanto isso, ler fica na sexta posição, com 28%. O que poderia indicar que a TV continua sendo a grande inimiga dos livros no País. Por consequência, de melhores fontes de informação, formação e cultura geral para a maioria da população.

Mas s situação é mais complicada. A reportagem “Os brasileiros e o papel da leitura”, de O Globo de 09/04, por exemplo, diz o seguinte:
Quando se pergunta sobre a importância da leitura, há uma quase unanimidade acerca de sua importância. Em nossa sociedade, o valor da leitura é apreendido como fundamental, e 88% dos entrevistados dizem isso. Mas entre essa afirmação genérica e a prática há uma grande distância. Quando perguntados se conhecem alguém que "venceu na vida" por ler, 47% dos entrevistados dizem que não, e mais 8% não sabem. Há uma percepção social da importância da leitura e uma prática não leitora, que se deve a muitos fatores: escolaridade (tempo na Escola e qualidade do ensino), renda, acesso, deficiências físicas (visuais) etc. A "ponte" entre formação profissional, sucesso, "vencer na vida" e leitura se perde na prática. Tudo indica que, neste caso, os entrevistados igualam leitura apenas com "leitura literária" e não consideram as leituras técnicas e científicas, por exemplo.
Trata-se de um fenômeno muito preocupante. Se há uma verdade aceita por quase toda a população é a do papel positivo da educação. Por outro lado, ensino, qualificação, melhor renda parecem estar de um lado e a prática da leitura, de outro.

A ser verdadeira essa interpretação, estamos falando de um divórcio lamentável. “Vencer na vida” fica de um lado. Formar-se como pessoa dotada de cultura geral e respeito à dignidade humana, de outro. O pior é que tal conclusão faz todo sentido.

É perfeitamente possível ser, ao mesmo tempo, um promotor brilhante e um senador financiado por criminosos. E não estamos falando apenas do caso Demóstenes. Há crimes sendo cometidos dentro da lei, financiados por empresários vitoriosos e viabilizados por parlamentares respeitáveis.

Leia também:
Mais respeito com Demóstenes
A corrupção que nasce das leis

2 comentários:

  1. saudações. quanto a parte da pesquisa que menciona deficiência visual como fator que afeta o grau de leitura, opino que tal seja relativo; eu, por exemplo, tenho deficiência visual quase total, mas não passo mais de uma semana sem acompanhar este blog, e quando entro, ponho a leitura em dia. a questão da dificuldade tem sido possível contornar com tecnologias assistivas (de custo geralmente elevado para o próprio mercado de softwares), mas que via de regra se da um jeito com métodos alternativos. rs. qualquer computador rodando pelo menos windows 95 é compatível com um ledor de telas, além da tecnologia estar chegando a dispositivos móveis como celulares e smartphones. da-se um desconto pelo fato que sempre existem aqueles que não disfrutam do menor acesso a tecnologia, mas desses, salvo raras exceções, o próprio contexto econômico e cultural infelizmente traria muitos impecílios ao hábito da leitura, ainda que não tivessem qualquer deficiência.
    ps. Caro Sérgio, por gentileza, não feche este canal anti-capitalista tão cedo!
    saudações marxistas.

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  2. Oi, Rodolfo. Obrigado pela observação e pelo apoio. Pode ter certeza de que com estímulos como o seu, farei tudo para não manter o blog ativo.
    Grande abraço!

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