Há quem discorde. É o caso de Celia Lessa
Kerstenetzky, diretora do Centro de Estudos sobre Desigualdade e
Desenvolvimento da Universidade Federal Fluminense. Para ela, trata-se de um
“movimento de inclusão por meio do consumo, relacionado ao crescimento
econômico mais rápido em vários desses países”. Mas em muitos casos, diz ela:
O mercado de trabalho é precário, a proteção social é
incipiente e o acesso a serviços sociais essenciais é muito limitado. Acho
equivocado falarmos em classe média no sentido sociológico do termo. Além
disso, tem havido um aumento das desigualdades em muitos desses países.
Jessé José Freire de Souza, diretor do
Centro de Pesquisa sobre Desigualdade da Universidade Federal de Juiz de Fora,
concorda:
O que tem surgido é uma nova classe trabalhadora
precarizada, que vai ser utilizada nas áreas de serviço, comércio e pequenas
indústrias do Brasil e dos países emergentes do mundo inteiro. Por que neles?
Porque você não convence um francês ou um alemão que trabalha sete horas por
dia de que ele terá que trabalhar 14 horas...
Deve ser por isso que reportagem publicada
no Valor em 12/03 afirmava “Morador de favela não se vê como classe média”. Ser
pobre é uma coisa, ser cego é outra.
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