Doses maiores

14 de março de 2013

Delfim elogia Marx, para nossa vergonha

Em 13/03, Delfim Netto publicou o artigo “Marx” na Folha de S. Paulo. Chamado a opinar sobre o lançamento de uma nova tradução de “O Capital”, Delfim disse que Marx permanecia atual porque “não é moda. É eterno”. 

Para dar “um pequeno exemplo da intuição de Marx”, ele lembrou a advertência do alemão quanto “à propensão do capitalismo financeiro emergente e avassalador de produzir uma crescente concentração do poder econômico que, se não fosse coibido pelo poder político, levaria ao desastre social”.

Previsão que Delfim se encarrega de confirmar com os seguintes dados:

Nos últimos dez anos, as commodities tornaram-se ativos financeiros de fundos de investimento internacionais. Em 2000, estes não chegavam a US$ 10 bilhões. Em 2012, passaram de US$ 400 bilhões, um aumento de 40% ao ano! Há menos de 20 anos existiam mais de 20 "traders" de cada commodity (as oito mais importantes tinham mais de 160!). Houve a verticalização e fusão antecipadas por Marx.

Hoje, não passam de 15 organizações que financiam, compram, armazenam, transportam, vendem e especulam com o resultado do trabalho de bilhões de agricultores que não têm o menor controle sobre sua produção.

Por que razão Delfim faz esse tipo de elogio? Talvez, porque tenhamos tornado Marx inofensivo. Afinal, quando seu parceiro morreu, Engels disse que ele era antes de tudo um revolucionário. Todos os seus esforços teóricos nada valeriam se não estivessem a serviço da luta da classe trabalhadora mundial por liberdade.

Quando grande parte da esquerda lembra apenas o Marx teórico e esquece o Marx revolucionário, faz companhia a um Delfim Netto. Que vergonha!

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