As
pessoas se rebelam não quando as coisas estão realmente ruins, mas quando suas
expectativas são frustradas. A Revolução Francesa ocorreu apenas quando o rei e
os nobres começaram a perder o poder; a revolta anticomunista de 1956 na
Hungria eclodiu depois que Imre Nagy já era primeiro-ministro há dois anos,
depois de debates (relativamente) livres entre os intelectuais; as pessoas se
rebelaram no Egito em 2011 porque houve certo progresso econômico sob o governo
de Mubarak, dando origem a uma classe de jovens instruídos que participavam da
cultura digital universal. E é por isso que o pânico dos comunistas chineses
faz sentido: porque, no geral, as pessoas hoje estão vivendo melhor do que há
quarenta anos – os antagonismos sociais (entre os novos ricos e o resto)
explodem e as expectativas são muito mais elevadas.
Eis
o problema com o desenvolvimento e o progresso: são sempre desiguais, dão origem
a novas instabilidades e antagonismos, geram novas expectativas que não podem
ser correspondidas. No Egito, pouco antes da Primavera Árabe, a maioria vivia
um pouco melhor do que antes, mas os padrões pelos quais mediam sua
(in)satisfação eram muito mais altos.
Trotsky
e Lênin concordariam. Crises sociais agudas, por si só, não levam a situações
revolucionárias. É preciso que as maiorias exploradas e oprimidas resolvam
tomar aquilo que lhes está sendo roubado. Frustração torna-se indignação. Ainda
não é revolução. É quase...
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Revolução Russa foi feita por indignados
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