O
estudo apresenta detalhes como os “valores e nomes de donos de escravos que
foram beneficiados com indenizações públicas após a abolição”. Entre eles,
antepassados do atual primeiro-ministro inglês, David Cameron, do Partido
Conservador, e do escritor George Orwell, autor de “1984”.
E
não se trata apenas “do retorno financeiro obtido pelo próprio negócio da
escravidão transatlântica”, diz Hashizume. Os comerciantes de pessoas também
foram fartamente indenizados pela abolição da escravidão. Os dados mostram que
esses pagamentos vergonhosos estão na raiz de muitas das atuais fortunas
britânicas.
Catherine
Hall, pesquisadora-chefe do estudo, explica que “o negócio da escravidão
contribuiu de forma significativa para a Grã-Bretanha tornar-se a primeira
nação industrial”. Ou seja, para viabilizar o capitalismo, cujo nascimento está
marcado pela prisão, tortura e morte de milhões de africanos e indígenas.
No
Brasil, seria impossível fazer levantamento parecido. Os documentos referentes
à escravidão foram queimados logo depois de sua abolição. Mas este nem é o
maior problema. A Comissão da Verdade para os crimes da ditadura militar até
tem acesso a alguma documentação. Apesar disso, dificilmente haverá punição
para torturadores e assassinos.
Na
Inglaterra ou aqui, as instituições não foram feitas para fazer justiça aos
explorados e humilhados. Estes terão que buscá-la com seus próprios meios.
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