Enquanto estudava a exploração no mundo do trabalho, a socióloga
Silvia Viana enxergou aquilo que estava pesquisando nos reality
shows. O tema virou seu doutorado e foi lançado o livro "Rituais de
sofrimento", no qual ela revela que a sociedade tem mais semelhanças
com o ambiente cruel e brutal dos BBBs do que se imagina.
Esta
é a introdução da ótima entrevista feita por Luís Brasilino sob
o título “Reality Show: mais real do que se gostaria”, publicada
em 21/03 no Le Monde Diplomatique Brasil.
Segundo
Silvia, com o “capitalismo flexível” atual, “a exclusão
tornou-se o pesadelo, necessário e irreversível, de um exército de
`inúteis para o mundo`”. Referindo-se ao desemprego, ela afirma
que:
...a eliminação tornou-se um ritual ao qual estamos
permanentemente submetidos; esse ritual tem a forma da seleção,
seja ela de “fora para dentro”, nos incontáveis processos
seletivos pelos quais passamos ao longo da vida, seja de “dentro
para fora”, na triagem em que se converteu o próprio trabalho sob
incessante avaliação. Não é à toa que os reality shows têm a
forma preferencial da seleção – e, quando não a têm, ela está
pressuposta. O “paredão” é a ritualização desse descarte
“necessário e inelutável”, contra o qual é necessário se
mobilizar, aceitar quaisquer provas, lutar e, principalmente,
participar sempre.
A
confirmar essa avaliação, ela cita o próprio Pedro Bial, perguntando aos
participantes do programa: “Vocês acham que o BBB é colônia de
férias?”. “Não”, responderam todos em uníssono. Silvia
concorda. É “trabalho flexível, explorado e degradado”. Não
deixem de ler a entrevista.
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