As cenas são de uma covardia óbvia. Mas a
grande imprensa teimou em culpar a intransigência dos índios pelo episódio
vergonhoso. Só admitiu “ouvir o outro lado” quando seus profissionais também
passaram a ser agredidos. Mesmo assim, timidamente.
O que aconteceu no Maracanã trouxe para o
meio de uma cidade grande aquilo que acontece com muito mais frequência e
silêncio nos sertões do País: o uso das forças de segurança para assegurar os
negócios de empresários bilionários. E a cumplicidade das autoridades diante
dos massacres cometidos por jagunços.
Os indígenas sofrem um racismo diferente.
Os negros devem se comportar como brancos porque ficou estabelecido que não há discriminação
de cor no País. Já os indígenas, precisam reafirmar sua condição o tempo todo.
Devem parecer típicos, pitorescos, diferentes. Ficar longe da tecnologia e dos
costumes de origem branco-europeia.
O que não faltam são declarações oficiais reconhecendo
que os índios formam o povo original das terras americanas. Mas isso não leva a
qualquer respeito por suas terras e tradições. Os grandes empreendimentos
capitalistas e os governos governados por eles só aceitam os indígenas como
peça de antiguidade. Nos museus, sim, mas embalsamados.
Leia também: Terra
para índios? Sete palmos bastam
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