Imagine um negro que cantava
bonito com sua poderosa voz de baixo. Um estadunidense que também foi atleta profissional
de futebol americano e bom jogador de baseball e basquete.
Este mesmo personagem era
ótimo ator de teatro, cinema e musicais. Foi simplesmente o primeiro ator negro
a interpretar o personagem Otelo, de Shakespeare.
No cinema, provocou polêmica
em “Imperador Jones”, lançado em 1933. O personagem que interpretava matava um
homem branco. Algo inadmissível para o racismo estadunidense.
Não fosse o bastante, também
foi o terceiro negro a ingressar numa universidade americana. Nada era o
bastante para Paul Robeson, um descendente de nigerianos, camaroneses e guinéu-equatorianos,
nascido em Princeton, em 1898.
Para deixar os racistas e
conservadores em geral ainda mais irritados, Robeson era comunista. O que
acabou por render-lhe as piores perseguições. Sua ficha no FBI era a mais
extensa entre os artistas investigados.
Em 1956, foi obrigado a depor
diante do Comitê de Atividades Antiamericanas. Ele foi firme:
Não estou sendo julgado por
ser comunista. Estou sendo julgado por lutar pelos direitos do meu povo, por aqueles
que ainda são considerados cidadãos de segunda classe nos Estados Unidos da
América.
Recusou-se a assinar uma
declaração renegando suas ideias. Ficou no ostracismo, claro. Mas em 1958 voltou
coberto de glórias em um grande concerto no Carnegie Hall. Continuou com sua
carreira musical até 1965, quando se aposentou.
Robeson morreu em 1976, muito
longe de ver a justiça social triunfar em seu país. Um negro governa os Estados
Unidos, hoje. Mas sua voz é a de um boneco sentado no colo do imperialismo.
Ouça Robeson aqui.
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Ouça Robeson aqui.
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