A 28ª edição do Criança Esperança,
promovida pela TV Globo, aconteceu no Rio de Janeiro, em 31/08. Trata-se do
maior evento de filantropia do País. Mobilizou quase 800 mil doadores e arrecadou,
pelo menos, R$10 milhões para a Unesco (Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura).
Há muito tempo correm boatos de que a Globo
lucra com a campanha. Mas o maior problema não é este. Se há crianças que são vítimas
da injustiça social, monopólios como a Globo são os principais responsáveis. A seus
proprietários deveria ser dirigida a pergunta que fez São Gregório de Nissa em seu
“Sermão contra os Usuários”: “De que vale consolar um pobre, se tu fazes outros
cem?”
O sermão é citado no livro “Pedagogia do
Oprimido”, de Paulo Freire. Nesta obra tão importante, o autor diz que um dos
mecanismos de dominação é aquele em que o oprimido incorpora a lógica do
opressor. É isso que leva centenas de milhares de explorados a ajudar outros de
seus pares, enquanto seus exploradores assistem de camarote.
Não se trata de condenar a caridade. Mas de
defini-la como fez Freire na mesma obra. Referindo-se às mãos estendidas dos
pobres, ele diz:
...a grande generosidade está em lutar, cada vez mais,
para que estas mãos, sejam de homens ou de povos, se estendam menos, em gestos
de súplica. Súplica de humildes a poderosos. E se vão fazendo, cada vez mais, mãos
humanas, que trabalhem e transformem o mundo.
A transformação do mundo pelos oprimidos é
condição para derrotar a pedagogia do opressor.
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o governo Dilma...
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