Doses maiores

12 de setembro de 2013

O Capital quer muito te conhecer

“Explorada por consultorias, a neurociência pode contribuir para o bom desenvolvimento de uma companhia”, diz matéria de Luísa Melo, publicada na revista Exame em 30/08.

A reportagem mostra como a ciência que estuda o funcionamento do cérebro humano pode servir a fins empresariais. Para coisas repulsivas como “processos práticos dentro de uma organização” e “otimização de treinamentos corporativos”. Tudo pelo “aumento da produtividade”. Melhor dizendo, pela busca cega por lucros.

Há valiosas palavras como as da neuropsicóloga e fundadora da Tai Consultoria, Inês Cozzo:

A esmagadora maioria das pessoas é mais produtiva entre as 6h e as 10h e entre 16h e 20h. No restante do tempo, o corpo precisa se esforçar mais, então o volume e qualidade do trabalho são menores.

Os intervalos “não produtivos” devem ser trabalhados, diz a consultora. "Salinhas do cochilo", quem sabe? Só se for numa outra sociedade, porque na que vivemos não há salas para sonecas ligeiras e ceder a elas pode acabar em demissão.

Ou seja, o Capital não exige apenas nosso esforço físico. Está atrás de nossos neurônios, também. É como disse Noam Chomsky em “As 10 estratégias de manipulação midiática”:

...o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

Por isso, não se assuste se você olhar no espelho e ver um cifrão...

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