Zéh Palito e Werc Alvarez |
O assassinato de cinco policiais durante uma manifestação
contra o racismo policial, em Dallas, Texas, abalou os Estados Unidos.
Lideranças do movimento negro estadunidense e no mundo todo
condenam a ação. Mas não negam que era uma reação esperada diante da brutalidade
racial das forças policiais estadunidenses.
Nestes momentos surge a necessidade de debater meios de autodefesa
para os setores que lutam contra a exploração e opressão capitalistas. Mas não se
pode alimentar a ilusão de que as forças de esquerda possam responder militarmente
à violência estatal.
Nos anos 1960, os Panteras Negras foram para as ruas empunhando
armas. Mas seus fundadores jamais defenderam o enfrentamento aberto contra o aparato repressivo.
Na verdade, os Panteras acompanhavam as ações policiais, limitando-se
a exigir que a lei fosse respeitada por aqueles que deveriam zelar por seu
cumprimento.
Mesmo armados, os militantes antirracistas não cometiam crime
algum. Apenas exerciam o direito constitucional que tem todo cidadão estadunidense
de portar armas para sua defesa.
O perfil militar dos Panteras era um modo de atrair a juventude
e as lideranças populares para sua principal proposta: a educação política e a
auto-organização dos explorados.
Entre os programas criados por eles estavam café da manhã
gratuito para crianças, “Escolas da Liberdade”, clínicas gratuitas de saúde e
cooperativas habitacionais.
Os Panteras combinavam legalidade armada com disputa de
hegemonia. Desta combinação também fazia parte o combate a quem defendia ações discriminatórias
e violentas contra brancos. Para eles, a questão central era a exploração de
classe.
Em mais um momento de resistência radicalizada contra o racismo estatal,
é fundamental aprender com esta importante experiência de autodefesa.
Leia também: A
PM, as UPPs e os Panteras Negras
Sergio, nunca esqueço que me contaram, na época da faculdade, de um grupo de esquerda que defendia a união com bandidos. Diante do proletariado que tinha medo de pegar em armas, melhor era se unir aos que já as portavam.
ResponderExcluirÀ principio, lendo seu artigo, achei que estava errado e o melhor era sair para o confronto. Mas não dá, ou pelo menos neste momento, e nestas condições, não dá. O momento de confronto armado não pode ser uma guerra só de revolta de pequenos grupos desorganizados.
Abraço.
Marião, união com bandidos não dá em momento algum. Afinal é um “setor social” que precisa do capitalismo funcionando. Mas enfrentar militarmente o aparato repressivo também acho inviável. O arsenal inimigo é infinitamente superior. É por isso que nem os Panteras se atreveram a iniciar uma ação desse tipo. Pelo menos, não seus fundadores. No máximo, o que dá pra fazer é convencer a maior parte do aparelho repressivo a não agir contra os movimentos sociais ou se unir a eles. Foi mais ou menos o que aconteceu na Revolução Russa, quando as tropas se recusaram a obedecer ordens que não viessem dos sovietes.
ExcluirValeu
Abração