No livro "A Tolice da
Inteligência Brasileira", Jessé Souza mostra como se tornou senso comum a
ideia de que a corrupção é um problema muito brasileiro e puramente estatal. Segundo ele:
...o mercado
capitalista, aqui e em qualquer lugar, sempre foi uma forma de “corrupção
organizada”, começando com o controle dos mais ricos acerca da própria
definição de crime.
Criminosos são apenas os servidores
corruptos ou batedores de carteiras, não o especulador financeiro que “às vezes
arrasa a economia de países inteiros”. “Enquanto os primeiros vão para a
cadeia, diz Souza, o segundo ganha foto na capa da revista The Economist”.
O autor lembra que, na verdade, o Estado
é “o único lugar onde a corrupção ainda é visível como tal, e tem, portanto,
alguma possibilidade de controle real”.
O raciocínio faz sentido se pensarmos
que há duas grandes formas de roubar o dinheiro público. Uma é tirando dos
cofres do governo. Esta é a mais conhecida, sempre divulgada amplamente pela
grande mídia.
A outra forma de roubar verbas
públicas acontece antes de elas chegarem aos cofres do Estado. É a sonegação,
sempre ignorada pelos jornalões.
Segundo o Sonegômetro do Sindicato
Nacional dos Procuradores da Fazenda, em 2015 foram sonegados R$ 539 bilhões,
ou 9% do PIB. Este ano, até início de julho já eram 275 bilhões. E quem são os principais
responsáveis por isso? Os gatos gordos do justo e imaculado mercado!
É por isso que Souza conclui:
Quem é feito de
tolo aqui são partes significativas das classes médias e trabalhadoras
ascendentes, muitas delas que defendem o Estado mínimo e o mercado máximo.
Leia também:
Sonegação
pode, né Coração Valente?
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