Mais um comentário sobre o livro "A Tolice da
Inteligência Brasileira", de Jessé Souza. Desta vez, uma provocação aos
marxistas mais chegados a relações mecânicas entre base econômica e fenômenos
sociais. Em relação a eles, o autor diz o seguinte:
Ao construir as
realidades simbólicas como epifenômeno de interesses materiais e ao imaginar
que possam existir realidades materiais não mediadas simbolicamente, o marxismo
não desenvolve um “aparato conceitual” que possa dar conta – como fez Weber no
contexto de sua sociologia das religiões – do “trabalho da dominação social”
que se transforma em “convencimento”, em dominação aceita e “desejada” pelo
próprio oprimido. Daí essa mania um pouco ridícula dos marxistas de sempre
procurarem “consciência de classe” e “atores revolucionários” quando esses são
sempre construções improváveis e que existem mais como exceção do que como
regra. É como se a realidade da exploração não fosse um fenômeno total,
existencial, afetivo, subpolítico, emocional e ligado a todo tipo de estímulo
irracional, mas apenas uma exploração econômica que bastasse ser mencionada
para ser compreendida.
Isso não
significa que não existam belas análises políticas marxistas como as do próprio
Marx, muito especialmente em relação aos estudos das lutas de classe na França
do século XIX. Mas elas decorrem da genialidade pessoal de Marx, não das
categorias e de um quadro de referência teórico refinado que pode ser aplicado
a diversos contextos concretos.
Acrescentando mais uma observação que favorece Marx
contra muitos de seus seguidores, lembremos a seguinte passagem da “Introdução
à Contribuição para a Crítica da Economia Política”: “O concreto é concreto
porque é a síntese de múltiplas determinações...”
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Muito bom!!!!!
ResponderExcluirValeu, querida.
ExcluirBeijos