“Este livro é uma história das ideias
dominantes do Brasil moderno e de sua institucionalização”, diz Jessé Souza, em
"A Tolice da Inteligência Brasileira" (2015).
Dois dos
principais responsáveis por essas ideias que o autor considera nocivas seriam Gilberto
Freyre e Sérgio Buarque de Hollanda, monstros sagrados da
sociologia nacional.
Em “Casagrande & Senzala”, Freyre
tornou a mestiçagem um valor positivo, devidamente aproveitado por Vargas para transformá-lo
em redutor “de todas as diferenças, especialmente as de classe social e
prestígio”.
Em seguida, Buarque apresentaria os
conceitos de “homem cordial” e “patrimonialismo”, em que relações pessoais são
utilizadas para transformar o Estado em uma máquina controlada por uma elite
corrupta.
Em oposição, o mercado seria o lugar da
concorrência limpa e justa. Como se pudesse haver corrompidos sem corruptores.
Segundo o autor, uma das teses centrais dessa
“sociologia culturalista” afirma que nas sociedades
periféricas a corrupção é estrutural. Como se esta não existisse nas
sociedades centrais.
Outra ideia favorita dessa
forma de pensar é a de que “as classes altas e médias são moral e cognitivamente
superiores às classes populares”.
Enquanto isso, os efeitos desastrosos
de séculos de escravidão e enorme desigualdade social são ignorados. E os conflitos
de classe ficam ocultos pela ideia de que nosso maior problema é a corrupção e
de que ela é sempre estatal.
Segundo Souza, somente assim é
possível explicar “a tolice” dos que compram a “ideia absurda” de que é preciso
“mais mercado no país do mercado mais injusto e concentrado do mundo”.
Talvez, ajude a explicar também
porque os tolos não voltaram às ruas contra a corrupção.
Leia também: A elite e seus masturbadores oficiais
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