Em março de 1850,
incapaz de pagar aluguéis atrasados, a família Marx foi despejada. Jenny
descreve a situação em uma carta:
...tivemos
de deixar a casa; estava frio, úmido e nublado; meu marido saiu à procura de
alojamento; quando mencionava as quatro crianças, ninguém queria nos aceitar.
Finalmente um amigo veio em nosso socorro; nós pagamos e eu vendi às pressas
todas as minhas camas para acertar as contas com farmácia, padeiros,
açougueiros e leiteiros, que, assustados com o escândalo provocado pelos
oficiais de justiça, de repente me assediaram com suas contas. As camas que
vendi foram levadas para a calçada e postas numa carroça — e depois, o que
acontece? Já passa muito do pôr do sol, a lei inglesa proíbe isso, o senhorio
nos pressiona com a presença da polícia, declara que talvez tenhamos incluído
coisas suas no meio das nossas, que estamos nos escafedendo e indo embora do
país. Em menos de cinco minutos, uma multidão de duzentas ou trezentas pessoas
fica parada, boquiaberta, na frente da nossa porta, toda a canalha de Chelsea.
As camas vão para dentro de novo; só podem ser entregues ao comprador na manhã
seguinte, depois da alvorada; assim, com a venda de tudo que era nosso, tendo
conseguido pagar cada centavo, me mudo com minhas pequenas crianças queridas
para dois pequenos quartos que agora ocupamos no Hotel Alemão, na Leicester
Street, número 1...
Poderia ser o trecho de
uma obra de Dickens. Mas era só um dos vários episódios de dificuldades
financeiras envolvendo a família daquele cuja obra seria uma das grandes
contribuições para a ciência econômica.
Leia também: Marx
pira na teoria da conspiração russa
Conheço e tenho o livro "Amor & Capital" que recomendou. A história de família deles é triste. Triste imaginar um mundo onde um gênio e sua luta por uma sociedade mais justa tenha capítulos desta natureza. Bjs.
ResponderExcluirSim!
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