Rosana Pinheiro-Machado é professora da Universidade Federal de Santa
Maria (RS). Como antropóloga, ela realiza “rodas de conversa” com adolescentes
das periferias.
Em 11/09/2018, Rosana publicou artigo no “The Intercept Brasil”, afirmando que os jovens pobres que apoiam Bolsonaro:
...seguem a mesma orientação punitivista e
demonstram solidariedade aos policiais, que deveriam ter o direito de matar.
Paradoxalmente, esses mesmos meninos relatam um cotidiano de humilhações em
abordagens policiais abusivas. “Se eu não estiver vestido como humilde e não
estiver de cabeça baixa, se estiver de cabeça erguida e com boné de marca que
me associe aos mano, eles me param, dão porrada e me jogam no chão”.
A professora não ignora que visões como essa são perpetuadas por programas
televisivos como o de Datena. Mas diz que “nada se compara ao novo gênero de
espetáculo da violência que são os vídeos caseiros que circulam no WhatsApp nas
classes populares”.
Segundo ela, trata-se da “espetacularização do sangue, do sexo brutal,
dos tiros e facadas”. Produto de um cotidiano onde a violência é tão concreta quanto
é abstrata a democracia.
É por isso, afirma Rosana, que:
Não se pode esperar que brotem almas
democráticas e contestadoras de pessoas cujo contexto, desde o espancamento que
recebeu do pai até a lição que levou da polícia, é marcado pela violência.
O artigo nos faz concluir que as intenções de voto em Bolsonaro são uma
espécie de indicador do nível de selvageria social a que chegamos.
E se o candidato pode estar batendo no seu teto eleitoral, a barbárie que
seu sucesso representa parece estar muito longe do fundo do poço.
Leia também: O
que Trotsky diria sobre Bolsonaro e os golpistas?
"As intenções de voto em Bolsonaro são uma espécie de indicador do nível de selvageria social a que chegamos". Caro Sergio, esse seu enunciado é de uma dolorosa e estarrecedora clareza, violentamente pedagógico... Seu blog é um libelo contra a reificação e a alienação. Sigamos no combate à barbárie ("se tivermos sorte", como diria Mészáros, lembra?) contemporânea , para que 'possa haver' alguma possibilidade de construção de Justiça Social e Dignidade Humana, alguma possibilidade de futuro para a humanidade... Forte abraço, Alex
ResponderExcluirSim, Alexandre, lembro de Meszáros e de sua “profecia” cada vez mais se confirmando, infelizmente. Se tivermos sorte...
ExcluirObrigado pelo apoio
Abração!