Doses maiores

17 de setembro de 2018

O índice Bolsonaro de selvageria social

Rosana Pinheiro-Machado é professora da Universidade Federal de Santa Maria (RS). Como antropóloga, ela realiza “rodas de conversa” com adolescentes das periferias.

Em 11/09/2018, Rosana publicou artigo no “The Intercept Brasil”, afirmando que os jovens pobres que apoiam Bolsonaro:

...seguem a mesma orientação punitivista e demonstram solidariedade aos policiais, que deveriam ter o direito de matar. Paradoxalmente, esses mesmos meninos relatam um cotidiano de humilhações em abordagens policiais abusivas. “Se eu não estiver vestido como humilde e não estiver de cabeça baixa, se estiver de cabeça erguida e com boné de marca que me associe aos mano, eles me param, dão porrada e me jogam no chão”.

A professora não ignora que visões como essa são perpetuadas por programas televisivos como o de Datena. Mas diz que “nada se compara ao novo gênero de espetáculo da violência que são os vídeos caseiros que circulam no WhatsApp nas classes populares”.

Segundo ela, trata-se da “espetacularização do sangue, do sexo brutal, dos tiros e facadas”. Produto de um cotidiano onde a violência é tão concreta quanto é abstrata a democracia.

É por isso, afirma Rosana, que:

Não se pode esperar que brotem almas democráticas e contestadoras de pessoas cujo contexto, desde o espancamento que recebeu do pai até a lição que levou da polícia, é marcado pela violência.

O artigo nos faz concluir que as intenções de voto em Bolsonaro são uma espécie de indicador do nível de selvageria social a que chegamos.

E se o candidato pode estar batendo no seu teto eleitoral, a barbárie que seu sucesso representa parece estar muito longe do fundo do poço.

2 comentários:

  1. "As intenções de voto em Bolsonaro são uma espécie de indicador do nível de selvageria social a que chegamos". Caro Sergio, esse seu enunciado é de uma dolorosa e estarrecedora clareza, violentamente pedagógico... Seu blog é um libelo contra a reificação e a alienação. Sigamos no combate à barbárie ("se tivermos sorte", como diria Mészáros, lembra?) contemporânea , para que 'possa haver' alguma possibilidade de construção de Justiça Social e Dignidade Humana, alguma possibilidade de futuro para a humanidade... Forte abraço, Alex

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    1. Sim, Alexandre, lembro de Meszáros e de sua “profecia” cada vez mais se confirmando, infelizmente. Se tivermos sorte...

      Obrigado pelo apoio

      Abração!

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