Nas eleições de 2014,
Dilma era o “Coração Valente”. Uma vez eleita, ela realmente demonstrou muita coragem.
Adotou a agenda de austeridade econômica do adversário que derrotou.
Tamanha petulância não serviu
para agradar a direita, que queria sangue. Só deixou a esquerda desacorçoada, palavra
cujo significado é “sem coração”, no sentido de sem ânimo, sem coragem.
Deu no que deu.
É essa decepção que,
agora, Haddad procura evitar. Em 2002, Lula lançou a Carta aos Brasileiros para
acalmar os “mercados”. Haddad prefere passar alguns recados. Um deles envolveu o
nome de Marcio Pochmann na sabatina da Folha.
Como coordenador informal
da agenda econômica do PT, Pochmann vinha minimizando a necessidade de uma
reforma da previdência. Posição prontamente desautorizada pelo candidato
petista.
Outro recado é a
proposta de acordo de Haddad feita a Ciro Gomes e Geraldo Alckmin. Quem for
para o segundo turno apoia o outro.
É assim que a eleição
vai se tornando plebiscitária. É sim ou não diante do inominável. Frente ao
ex-capitão alucinado e seu vice troglodita, vale tudo. Propostas políticas valem
nada.
Nenhuma dúvida quanto à catástrofe
que seria a eleição de Bolsonaro e Mourão. Mas chamemos as coisas pelo seu
nome.
Quando se fala em voto útil
no primeiro turno já não se trata de escolher o mal menor. É a rendição ao mais
perigoso dos fatalismos políticos.
Um governo saído de uma vitória
sobre Bolsonaro afastará o pior. Mas será o produto do mais puro desespero. E desesperados
costumam ter pouca ou nenhuma esperança.
Nas urnas, é digitar o
número do candidato e apertar o botão do pânico.
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necessariamente uma vitória
Sim, Sergio, é exatamente como me sinto: desesperado. A ponto de pensar quem seria o melhor candidato para enfrentar O Koisa. Sempre votei na esquerda, e no segundo turno anulei diante do binômio PT e PSDB. Agora me vejo assim. Sim, muitas reflexões sobre o momento político, e muita falta de entendimento. Na minha opinião a candidatura do Koisa seria daquelas aberrações (não tão grande) de candidatos bem de direita que apareciam nas eleições e sumiam. Até consigo entender os candidatos de extrema-direita que existem na Europa, mas no Brasil não via e não vejo sentido. Existem muitas explicações, mas nenhuma me convence. O problema é o que fazer, até diante do simples voto que não gostamos muitos de nos circunscrever a ele.
ResponderExcluirPois, é, Marião. Confuso, muito confuso. Mas acho que o Bozo só se viabilizou pelo enorme antipetistmo. E o antipetismo só se explica pela incapacidade de as classes dominantes assimilarem até mesmo as moderadíssimas reformas petistas. Ou seja, a uma social-democracia das mais ralas, a direita responde com uma pesada contrarrevolução. Sendo assim, deveríamos dar-lhes razão promovendo uma verdadeira revolução. Mas, por enquanto, vamos ficar só na vontade. E votar desesperados...
ExcluirValeu!