Já em 2011, Douglas Rushkoff dizia que “para o Facebook somos o
produto, não o cliente”. Professor de Teoria dos Meios e Economia Digital da
Universidade do Estado de Nova York, ele é um dos mais rigorosos críticos das poderosas
empresas que monopolizam as redes virtuais.
Em entrevista publicada no portal “Outras Palavras”
em 30/08/2018, ele analisa o impacto de empresas como Facebook e Google sobre o
comportamento humano. Diz, por exemplo, que:
...os designers de interfaces das principais
empresas tecnológicas do Vale do Silício estudam “captologia” em Stanford. Leem
livros sobre o funcionamento das máquinas caça níqueis de Las Vegas para
desenhar algoritmos que viciem.
O entrevistado afirma, ainda, que:
Nossas emoções e condutas mais humanas
provêm de uma parte do cérebro chamada neocórtex. É a parte que as plataformas
digitais tratam de evitar a todo custo. A captologia é a ciência de driblar o
neocórtex e chegar diretamente no tronco do encéfalo. Essa é a parte que diz
“matar ou morrer”. Se essa é a parte do cérebro que está ativa online, ela
fomentará esse tipo de comportamento primitivo.
O tronco do encéfalo faz parte do sistema límbico, região responsável por
respostas reflexivas típicas de animais, como répteis e anfíbios. São reações que
os seres humanos passaram a controlar com o desenvolvimento do neocórtex.
Difícil não pensar nas considerações de Rushkoff quando se olha para o atual cenário eleitoral nacional. É
verdade que, em nossa história política, o predomínio do sistema límbico nunca foi exceção.
Mas, talvez, nunca tenha havido tantos répteis agressivos, de um lado, e anfíbios
oportunistas, de outro.
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lógica antidemocrática dos memes
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