Doses maiores

3 de setembro de 2018

Eleições: entre répteis e anfíbios

Já em 2011, Douglas Rushkoff dizia que “para o Facebook somos o produto, não o cliente”. Professor de Teoria dos Meios e Economia Digital da Universidade do Estado de Nova York, ele é um dos mais rigorosos críticos das poderosas empresas que monopolizam as redes virtuais.

Em entrevista publicada no portal “Outras Palavras” em 30/08/2018, ele analisa o impacto de empresas como Facebook e Google sobre o comportamento humano. Diz, por exemplo, que:

...os designers de interfaces das principais empresas tecnológicas do Vale do Silício estudam “captologia” em Stanford. Leem livros sobre o funcionamento das máquinas caça níqueis de Las Vegas para desenhar algoritmos que viciem.

O entrevistado afirma, ainda, que:

Nossas emoções e condutas mais humanas provêm de uma parte do cérebro chamada neocórtex. É a parte que as plataformas digitais tratam de evitar a todo custo. A captologia é a ciência de driblar o neocórtex e chegar diretamente no tronco do encéfalo. Essa é a parte que diz “matar ou morrer”. Se essa é a parte do cérebro que está ativa online, ela fomentará esse tipo de comportamento primitivo.

O tronco do encéfalo faz parte do sistema límbico, região responsável por respostas reflexivas típicas de animais, como répteis e anfíbios. São reações que os seres humanos passaram a controlar com o desenvolvimento do neocórtex.

Difícil não pensar nas considerações de Rushkoff quando se olha para o atual cenário eleitoral nacional. É verdade que, em nossa história política, o predomínio do sistema límbico nunca foi exceção. Mas, talvez, nunca tenha havido tantos répteis agressivos, de um lado, e anfíbios oportunistas, de outro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário