Doses maiores

4 de setembro de 2018

Uma rara catequização do bem

As catequizações cristãs costumam ser muito traumáticas para aqueles que as sofrem. Especialmente nocivas junto aos povos indígenas, seja no nível cultural como econômico e social.

Mas há exceções. É o que revela reportagem da BBC, publicada em 13/08/2018. Trata-se do trabalho das Irmãzinhas de Jesus junto aos índios Tapirapé, habitantes do nordeste do Mato Grosso.

Quando elas chegaram, em 1952, a tribo estava reduzida a 50 pessoas. Ao partirem, em 1982, deixaram boas lembranças e uma coletividade com quase mil indígenas.

Em primeiro lugar, elas auxiliaram no tratamento das doenças que vinham dizimando o grupo. Mas também foram fundamentais para seu fortalecimento cultural e a recuperação de seu território tradicional.

Também ajudaram tanto na instalação de uma escola indígena reivindicada pelos próprios Tapirapé, como participaram da luta pelo reconhecimento do seu território, homologado pelo governo federal como Terra Indígena Urubu Branco em 1998.

Com esse novo tipo de “evangelização”, diz a matéria, as missionárias “buscaram elas mesmas serem Tapirapé”. Viviam em casas semelhantes às dos indígenas, plantavam e comiam como eles e participavam de alguns rituais.

A irmã Odile Eglin diz que, aos poucos, elas foram entendendo que esse povo não precisava “ser católico para viver”. Desse modo, a integração foi acontecendo de modo harmonioso.

A freira Geneviève Boyé dá como exemplo o Natal. Após uma “missinha” matinal, as crianças Tapirapé levavam um presente para aquele menino que os brancos chamam de Jesus, “tipo uma florzinha”.

Em meio a sua enorme crise, os católicos verdadeiramente cristãos deveriam imitar tais exemplos e abandonar o Vaticano. Deixá-lo entregue às traças e aos espíritos sombrios que o controlam.

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